De figura da ignomínia e da derrota, a Cruz passou a ser o centro da espiritualidade católica, o sinal distintivo dos seguidores de Cristo, o ponto para o qual convergem todas as aspirações, todos os amores, toda a ternura e o respeito da alma verdadeiramente cristã.

 

A mais conturbada das manhãs de toda a História.

O sol já havia nascido, deitando o calor de seus raios sobre a praça do Pretório, cujo tribunal, formado com pedras multicolores, era chamado em grego Lithostrotos, que significa lajedo ou montículo de pedras. Nada melhor para aquecer-se, sob o calor do sol, do que a pedra. Nem a água tem a capacidade de guardar os ardores do astro-rei como a pedra. Debaixo daquela luz criada por Deus, estava o próprio Deus a ser julgado.

Todavia, não eram só as manifestações minerais que ali se faziam sentir. A ordem da natureza emanada das mãos do Onipotente, as criaturas inconscientes e sem vida, cumprem seu desígnio por uma determinação divina. Há seres que possuem livre arbítrio, mas nem sempre usam retamente desse dom recebido do Senhor de toda a Criação. Pior ainda, às vezes o utilizam maldosamente em sentido contrário. Ao longo da História, entretanto, nunca houve tamanha carga de ódio contra o Criador, no mau emprego do livre arbítrio.

A Cruz que dividiu a História

A Cruz, sinal de ignomínia, foi abraçada e osculada pelo Divino Redentor (Via-Sacra, Igreja de Santa Maria de Týn, Praga)

Naquela praça, sol e pedra mantinham-se fiéis à ordem de Deus. Porém, um governador romano — que passou para a História e até hoje é nomeado todos os dias no Credo que rezamos — não se deixava influenciar pela voz da consciência e da graça no seu interior: ele não deveria condenar, mas, como todo aquele que relativiza o absoluto da Lei de Deus, estava querendo encontrar uma solução intermediária entre a condenação e a adoração.

O povo exigia…

Quantas vezes o povo agiu bem, pedindo a condenação de um réu! No entanto, se alguma vez o povo errou — e quanto deve ter acontecido — nunca se equivocou tanto como naquela ocasião. Era só o povo? Não… Ali estavam os fariseus e os escribas, incentivando todos a gritar contra o próprio Criador uma sentença, não só injusta, mas deicida: “Crucifica-O! Crucifica-O!”

Nada fazia calar o populacho, até um determinado momento em que o símbolo que marcaria mais tarde as coroas e o frontispício das igrejas, entrou na praça: era a Cruz! A própria figura da vergonha, da ignomínia e da derrota começava agora sua marcha triunfal através dos séculos.

Aquela Cruz que seria abraçada e osculada pelo Divino Redentor, e com tanto amor carregada nos seus adoráveis ombros até o Calvário, além de produzir um grande silêncio, fendeu a multidão de um lado e de outro, revelando simbolicamente qual o seu papel ao longo da História: diante dela a impiedade sorrirá, a devoção a venerará; à sua vista uns escarnecerão, outros se prostrarão, uns proferirão palavras de desprezo, outros derramarão lágrimas de ternura; por sua causa muitos tremerão de pavor, enquanto outros desfalecerão de amor. Até o dia supremo em que aparecerá “no céu o sinal do Filho do Homem” (Mt 24, 30), e dividirá também a humanidade reunida no Vale de Josafá: à direita os que ressurgem em corpo glorioso; à esquerda aqueles que retomam seus corpos para serem ainda mais atormentados no inferno. “Separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda” (Mt 25, 32-33).

E a cruz figurará para sempre no esplendoroso trono de Jesus Cristo, transformada de lenho de tortura em árvore de luz.

O mais humilhante suplício

Entre os homens da Antigüidade, a crucifixão era conhecida como o mais atroz e humilhante dos castigos — “maldição de Deus”, como no-lo refere o próprio Livro do Deuteronômio (21, 23)  — reservado sobretudo aos escravos e também aos malfeitores, assassinos e ladrões cuja punição pública deveria servir de exemplo para todo o povo. Mais tarde, com a dominação de Roma, a lei isentava de tal pena os cidadãos romanos, por mais grave que fosse o seu delito, não permitindo, deste modo, que a dignidade do Império ficasse manchada. E esta foi, precisamente, a morte que Cristo permitiu para Si, assumindo a condição de escravo, não só para redimir-nos da escravidão do pecado, mas até para fazer-nos reis: um suplício usual do código penal, com o procedimento que era aplicado vulgarmente aos bandidos; sem dúvida, o pior.

Descrição de um médico

Segundo interessantes estudos realizados no século passado por conceituados médicos europeus, a morte de cruz possui como causa determinante a asfixia. Logo após a crucifixão, o condenado apresenta violentas contrações, generalizadas, o rosto fica violáceo, abundante suor corre-lhe da face e de todo o corpo, tornando-se especialmente profuso nos poucos minutos que precedem a morte. Os crucificados morriam, em média, ao fim de três horas, após atroz período de luta.

Em sua obra “A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o cirurgião”, o Dr. Pierre Barbet afirma: “Toda a agonia se passava na alternativa de abatimentos e soerguimentos, de asfixia e respiração. Disso temos a prova material no Santo Sudário, onde podemos assinalar um duplo fluxo de sangue vertical que sai da chaga da mão, com um afastamento angular de alguns graus. Um corresponde à posição de abatimento e o outro à de soerguimento. Percebe-se logo que um indivíduo esgotado, como estava Jesus,  não poderia  prolongar essa luta por muito tempo”.

Da esquerda para a direita: peixes da Catacumba de Domitila (Roma); monograma cristão do séc. IV (Museus Vaticanos, Roma); cruz da Basílica de San Vitale (Rávena, Itália); cruz processional bizantina do séc. XI (Metropolitan Museum of Art, Nova York); cruz do convento carmelita de Trie-en-Bigorre (Metropolitan Museum of Art – The Cloisters, Nova York)

O mistério da Cruz

A partir de um olhar humano e materialista, o Cordeiro imolado no alto da Cruz não passava de um pobre ser maltratado e injuriado por todos, um homem falido e derrotado para sempre; debaixo da luz sobrenatural, porém — e esta é a única visualização  verdadeira — Jesus achava-Se ali elevado como um Rei em seu sólio de glória, atraindo para Si todas as criaturas. Este divino mistério, os Apóstolos, sobretudo São Paulo, compreenderam-no com profundidade: “Julguei não dever saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado” (1Cor 2, 2). E ainda: “Quanto a mim, porém,de nada me quero gloriar, a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6, 14).

O lento despontar da Cruz

Mas para os primitivos cristãos, embebidos dos conceitos e tradições antigas, a cruz conservava ainda seu terrível significado, a ponto de se terem passado vários séculos antes de aparecerem as primeiras representações do Salvador pregado nela. Tal repulsa via-se acrescida pelo fato de muitos membros da Igreja nascente terem visto em Roma parentes próximos sofrer este tipo de martírio, durante as sangrentas perseguições promovidas pelos imperadores pagãos.

Nos séculos segundo e terceiro, os fiéis preferiram, pois, adotar a imagem do peixe (em grego Ichthys), como representação de Cristo. Nesta simbologia, as letras da palavra Ichthys contêm as iniciais da frase: Iesous Christos Theou Yios Soter (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador). A partir do século quarto, após o reconhecimento da religião católica, por Constantino o Grande, o simbolismo do peixe diminuiu gradualmente, cedendo lugar à cruz, que começou a aparecer esculpida sobre os sarcófagos, os cofres e outros objetos, tornando-se o principal emblema da Cristandade. Uma das primeiras expressões artísticas ocidentais do sacrifício do Calvário é a famosa porta de cipreste da Basílica de Santa Sabina, no monte Aventino, em Roma, construída nas primeiras décadas do século quinto.

Foi nessa mesma época que se instituiu o atual sinal-da-cruz, embora já antes existisse o piedoso costume de fazer a tríplice marca sobre a fronte, os lábios e o peito, pois as três partes superiores do homem — inteligência, amor e força — ficavam assim sob a proteção da cruz.

Cenas da conversão de Constantino
(Detalhes do tríptico de Stavelot, em esmalte sobre ouro, séc. XII – Metropolitan Museum of Art, Nova York)

Santa Helena resgata a verdadeira Cruz

No início do século quarto, um inconcebível abandono pesava sobre os Santos Lugares a ponto de achar-se coberta de escombros a própria colina do Gólgota. Movida por forte impulso da graça, a imperatriz Helena — que acabara de obter por suas maternais preces o esplêndido milagre da Ponte Mílvio e a impressionante conversão de seu filho Constantino, com a conseqüente liberdade para o Cristianismo (28 de outubro de 312) — decidiu empreender uma longa viagem até Jerusalém, no intuito de descobrir a verdadeira Cruz de Nosso Senhor. Santa Helena penetrava intimamente no significado dos mistérios: aquela cruz luminosa que brilhara nos céus, circundada pelos dizeres In hoc signo vinces (Com este sinal vencerás), ante o olhar maravilhado do jovem César, não era uma clara manifestação dos desígnios da Providência, prenunciando um triunfal ressurgimento da Igreja, por meio do escândalo da cruz?

Buscar a Cruz era empresa árdua e difícil. Não, porém, para o caráter enérgico da velha imperatriz que não se abatera com os azares da fortuna nem com as duras provações da vida. Após algumas semanas de penoso trabalho e de muita terra removida, durante as quais Helena alentou com seu ânimo e suas orações os numerosos operários, foram encontradas num fosso, em meio ao espanto e à comoção geral, três cruzes!

Apresentava-se, então, uma perplexidade: como reconhecer o Lenho sagrado sobre o qual o Redentor padecera sua dolorosa agonia, banhando-o com as últimas gotas de Sangue? Instado por Helena, São Macário, Patriarca de Jerusalém, logo acudiu em seu auxílio. Reuniu o povo e orou fervorosamente, suplicando ao Senhor uma intervenção que esclarecesse os fiéis, de forma evidente. Mandou em seguida trazer uma pobre mulher que se achava desenganada pelos médicos e prestes a morrer. Em contato com as duas primeiras cruzes, a moribunda permaneceu insensível; mas, ao tocar a terceira, levantou-se logo, completamente curada, louvando a Deus entre os gritos de alegria da multidão entusiasmada.

A notícia do prodígio espalhou-se com rapidez por todo o mundo cristão. Deu-se início, assim, a uma grande devoção às relíquias da Paixão.

Ao retornar de sua peregrinação, após erigir várias igrejas em honra da Paixão do Senhor, a virtuosa imperatriz levou consigo para a Cidade Eterna um pedaço considerável da Santa Cruz, conservando-se em Jerusalém a parte mais importante. Trouxe também os cinco cravos que encontrara na mesma ocasião, e os deu de presente a seu filho Constantino, o qual mandou colocar um deles na armação do diadema imperial. Talvez esteja esse piedoso gesto na origem do belo costume de encimar com uma cruz as coroas dos soberanos católicos.

O encontro da Santa Cruz em Jerusalém (Detalhes do tríptico de Stavelot, em esmalte sobre ouro, séc. XII – Metropolitan Museum of Art, Nova York)

Entrada triunfal da Santa Cruz em Jerusalém

Três séculos após esses admiráveis acontecimentos, Cosroes II, rei da Pérsia, saqueou a Cidade Santa, matou grande número de cristãos e apoderou-se do precioso Madeiro, levando-o entre as muitas riquezas que compunham seus despojos de guerra.

Grande foi a consternação daqueles fiéis do Oriente, ao saberem estar o mais inestimável de seus tesouros em poder de idólatras. O imperador Heráclio iniciou então uma campanha para recuperá-lo, o que conseguiu após quinze longos anos de esforços e aventuras. Finalmente, chegava Heráclio diante de Jerusalém, dando graças ao Senhor pela vitória alcançada.

Organizou-se uma grande cerimônia, com a maior solenidade e pompa possíveis. De todas as partes acorriam os fiéis para venerar a relíquia felizmente recuperada. Em companhia do patriarca Zacarias e rodeado dos grandes de sua corte, de incontáveis clérigos e de uma fervorosa multidão, o imperador carregou sobre seus ombros a verdadeira Cruz, dispondo-se a entrar na cidade pela porta que conduz ao Calvário. Mas ao chegar diante dela ficou subitamente imóvel, sentindo-se incapaz de avançar um passo sequer. Zacarias, que caminhava a seu lado, inclinou-se para ele e lhe fez ver que a púrpura imperial e suas suntuosas vestes não estavam em conformidade com o exemplo de humildade de Jesus, o qual carregara a sua Cruz às costas, por aquelas mesmas ruas, todo chagado e coberto de opróbrios. Ouvindo isto, Heráclio depôs as insígnias ­reais e a coroa de ouro. Coberto de saco e descalço, continuou sem dificuldade a piedosa procissão. A Cruz foi triunfalmente restituída ao patriarca Zacarias, em meio às aclamações de júbilo da multidão enlevada e reverente.

O tempo confundiu a data dos dois acontecimentos: a descoberta da Cruz pela imperatriz Santa Helena e o resgate desta pelo augusto Heráclio. Mas em todo o Ocidente cristão, há séculos, celebra-se no dia 3 de maio a descoberta do sagrado Lenho e a 14 de setembro a sua Exaltação.

A Cruz, sinal de salvação

Pouco a pouco, por entre as obscuras ruínas do paganismo podre e decadente, surgia um mundo novo, todo ele “cruciforme”, banhado pela luz pura e coruscante das doutrinas do Evangelho, fazendo sentir de modo suave e misterioso a dulcis praesentia d’Aquele que, no alto da Cruz, com o divino rosto coberto de escarros e feridas, deixara escapar de seus chagados lábios o brado lancinante que haveria de ecoar pelos céus da História: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonastes?” (Mc 15, 34). Agora, porém, uma inefável nota de paz e de júbilo, decorrente de um forte imponderável de vitória, impregnava o progressivo desenvolvimento da Esposa Mística de Cristo.

A Cruz passou a ser o centro da espiritualidade católica, o sinal distintivo dos seguidores de Cristo, o ponto para o qual convergem todas as aspirações, todos os amores, toda a ternura e o respeito da alma verdadeiramente cristã.

Por toda parte o nobre símbolo da Redenção projeta sua sombra protetora, lembrando-nos as dores suportadas com infinita paciência pelo Homem-Deus em favor da pobre humanidade mergulhada nas trevas do erro, do pecado e da morte, ao mesmo tempo que transmite a muda — porém, quão eloqüente! — mensagem de esperança: “O Bem vencerá! Eu colocarei teus adversários como escabelo de teus pés” .

Com inspiradas palavras, exclama Santo André de Creta: “Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada no  lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo. Não teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da árvore da vida, não se teria aberto o Paraíso. Se não houvesse a cruz, a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno.

“É, portanto, grande e preciosa a cruz. Grande sim, porque por ela grandes bens se tornaram realidade; e tanto maiores quanto, pelos milagres e sofrimentos de Cristo, mais excelentes quinhões serão distribuídos. Preciosa, também, porque a cruz é paixão e vitória de Deus: paixão, pela morte voluntária nesta mesma paixão; e vitória porque o diabo é ferido e com ele a morte é vencida. Assim, arrebentadas as prisões dos infernos, a cruz também se tornou a comum salvação de todo o mundo.”

Se não houvesse a Cruz, a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno (crucifixo do Mosteiro da Batalha, Portugal)

Essa cruz, vemo-la ornar ricamente as coroas dos monarcas, brilhar com esplendor no peito dos bispos, presidir gloriosa as solenes liturgias; vemo-la elevada sobre as torres dos templos — quer de imponentes basílicas e imensas catedrais, quer das mais modestas e desconhecidas capelas e oratórios —, arvorada nas bandeiras militares, plantada no meio de silenciosos claustros; vemo-la ainda agitada pelas mãos incansáveis do missionário, carregada sobre os fatigados ombros do penitente, osculada pelos lábios trêmulos do moribundo… Em seu louvor, canta a Igreja no ofício da Semana Santa, este belíssimo hino:

Ó Cruz fiel, és a árvore
Mais nobre em meio às demais,
Que selva alguma produz
Com flor e frutos iguais.
Ó lenho e cravos tão doces,
Um doce peso levais. (…)

Só tu, ó Cruz, mereceste
Suster o preço do mundo
E preparar para o náufrago
Um porto em mar tão profundo.
Quis o Cordeiro imolado
Banhar-te em sangue fecundo.

Uma só Cruz! Entretanto, no Calvário havia três. Sim, uma só, porque daqueles três condenados, um só era Inocente! Nunca passou pela mente de ninguém a idéia de levantar uma segunda cruz, apesar de ter sido São Dimas canonizado em vida pela própria voz do Salvador. Nunca, porque somente o sangue sem mácula é merecedor de veneração, assim como adorado só pode ser o de Deus. Uma só atraiu todos os povos, uma só marcou os tempos e a eternidade!

Unamo-nos, na adoração da Santa Cruz, Àquela que estava de pé, venerando seu Filho, naquele instrumento de suplício: Stabat Mater dolorosa juxta crucem lacrimosa. Estejamos pois, cheios de esperança, recolhendo também as puríssimas lágrimas de Nossa Senhora, que são para nós penhor de confiança e de certeza de perdão.

 

Ó Cruz fiel!

 

Cruz do convento carmelita de Trie-en-Bigorre (Metropolitan Museum of Art – The Cloisters, Nova York)
O fel Lhe dão por bebida
sobre o madeiro sagrado.
Espinhos, cravos e a lança
ferem seu corpo e seu lado.
No sangue e água que jorram,
mar, terra e céu são lavados.
Ó Cruz fiel, sois a árvore
mais nobre em meio às demais,
que selva alguma produz
com flor e frutos iguais.
Ó lenho e cravos tão doces,
um doce peso levais.
Árvore, inclina os teus ramos,
abranda as fibras mais duras.
A quem te fez germinar
minora tantas torturas.
Leito mais brando oferece
ao Santo Rei das alturas.
Só tu, ó Cruz, mereceste
suster o preço do mundo
e preparar para o náufrago
um porto, em mar tão profundo.
Quis o Cordeiro imolado
banhar-te em sangue fecundo.
Glória e poder à Trindade.
Ao Pai e ao Filho louvor.
Honra ao Espírito Santo.
Eterna glória ao Senhor,
que nos salvou pela graça
e nos remiu pelo amor.

 

(Hino da Sexta-feira Santa, Hora Laudes)

 

 

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